Ana Carolina de França Moraes
Nutricionista Especialista em Atendimento Clínico Nutricional e Alimentos Funcionais
Alimentos definidos como funcionais
contêm em sua composição alguma substância biologicamente ativa, que quando
adicionada a uma dieta usual desencadeia processos metabólicos ou fisiológicos,
resultando em redução do risco de doenças e manutenção da saúde. O objetivo
deste trabalho é verificar os efeitos benéficos dos alimentos funcionais
associados à terapia nutricional recomendada nas dislipidemias e
consequentemente na prevenção a aterosclerose.
Os principais alimentos e suas substâncias bioativas e suas indicações
relacionadas às doenças cardiovasculares em questão são apresentados. Por ser
um campo de estudo recente, há necessidade de novos estudos para a definição
das quantidades e frequência a serem consumidos para se obter o efeito
esperado, garantindo assim a ação benéfica dos componentes ativos encontrados
nesses alimentos. Porém, os alimentos com atividade funcional podem ser uma
ótima alternativa para conter o avanço das doenças cardiovasculares e fazer com
que as pessoas se conscientizem de que a alimentação tem um papel fundamental
sobre a saúde.
Palavras-Chave: alimentos
funcionais; dislipidemia; aterosclerose.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo versa sobre os efeitos
benéficos dos alimentos funcionais associados à terapia nutricional recomendada
nas dislipidemias e na aterosclerose; a utilização desses alimentos tem sido
uma alternativa, além da dietoterapia habitual, para se prevenir e tratar as
dislipidemias e consequentemente reduzindo os casos de doenças ateroscleróticas.
O estudo foi realizado, segundo Pesquisa
Exploratória, quanto aos objetivos a serem alcançados, cujo
objetivo foi aprofundar conhecimentos a respeito do determinado tema já
conhecido, construindo mais proximidades com o problema em estudo, para gerar
mais conhecimentos. Também foi utilizada Pesquisa Bibliográfica, quanto aos
procedimentos, pois se buscou os dados que foram necessários em trabalhos
publicados em revistas cientificas, em artigos e livros.
Segundo os vários teóricos que estudam sobre o tema, o estudo dos
alimentos funcionais é importante para evitar doenças cardiovasculares. De
acordo com Bricarello e Costa (2001) vários
estudos têm demonstrado a associação entre a dieta e o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, atribuindo aos alimentos funcionais à capacidade de
proporcionar benefícios saúde, que vão além dos nutrientes encontrados nesses
alimentos, proporcionando assim, a união da dietoterapia convencional com a
funcional, considerando a capacidade dos alimentos funcionais em reduzir o
risco da ocorrência de doenças cardiovasculares.
Assim, o objetivo do estudo foi, por meio de
uma revisão de literatura sobre o tema, demonstrar os efeitos benéficos dos
alimentos funcionais e seus compostos bioativos sobre a prevenção e o tratamento
das dislipidemias e da aterosclerose.
Em razão de ser Nutricionista Clínica e
vivenciar em consultório um número crescente de pacientes dislipidêmicos, essa
revisão de literatura contribuirá com informações úteis a população e aos
profissionais da área da saúde sobre como os Alimentos Funcionais podem ser
aliados na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares. Incentivar a
utilização destes alimentos de forma segura e consciente é o caminho para a
prevenção de inúmeras doenças, não só as cardíacas.
2. DISLIPIDEMIA E ATEROSCLEROSE
A dislipidemia é definida como um distúrbio
que altera os níveis séricos de lipídios circulantes. As alterações do perfil
lipídico podem incluir elevação do colesterol total, dos triglicerídeos (TG),
da LDL (lipoproteína de baixa densidade) e a diminuição da HDL (lipoproteína de
alta densidade) ((BRAGA & BARLETA, 2007).
O quadro de dislipidemia, o principal fator
desencadeador da aterosclerose, pode acontecer em decorrência de vários fatores
(hábito alimentar, obesidade, sedentarismo, tabagismo, etilismo,
envelhecimento, distúrbios genéticos); sendo a dieta o mais importante deles
por exerce papel fundamental na determinação dos demais fatores. (BRAGA &
BARLETA, 2007).
As dislipidemias são classificadas
etiologicamente como primárias e secundárias. As dislipidemias primárias são
consequentes a causas genéticas, algumas só se manifestam em função da
influência ambiental, devido à dieta inadequada e/ou ao sedentarismo. Já as
dislipidemias secundárias são causadas por outras doenças (diabetes melito tipo
II, hipotireoidismo, síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica,
obesidade), pelo uso de alguns medicamentos (anti-hipertensivos,
corticosteroides, diuréticos, betabloqueadores, anabolizantes) e por hábitos de
vida inadequados (dieta, tabagismo e etilismo) (FILHO, 2001).
Considerada uma doença de lento
desenvolvimento, porém, com início precoce, a aterosclerose se caracteriza com
o depósito de lipídeos na íntima do vaso (ateroma) (BRAGA & BARLETA, 2007).
Segundo Braga & Barleta (2007) a
aterosclerose tem um inicio e um processo:
O inicio do
processo aterosclerótico é desencadeado pela oxidação das moléculas de lipídeo
que ficam circulantes no plasma, essa oxidação acontece, devido à atuação dos
radicais livres, moléculas de oxigênio modificadas que vão lesar ou desencadear
alterações que vão causar patologias (aneurisma, infarto agudo do miocárdio,
gangrena, trombose. Os fatores e ações que desencadeiam a formação excessiva de
radicais livres são: tabagismo, etilismo, exercício físico, estresse. (p.2)
O LDL-colesterol (lipoproteína de baixa
densidade) em excesso na circulação sanguínea lesa os vasos após ser oxidado
pelos radicais livres, facilitando seu depósito e aumentando os riscos do
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (BRAGA & BARLETA, 2007).
De acordo Metze ( 2002) citado por Braga
& Barleta (2007):
O LDL transporta
os ésteres de colesterol que vão interagir com as células endoteliais, modificadas
por algum fator para entrar no espaço subendotelial. No subendotélio o LDL é
oxidado por oxigênios reativos (radicais livres) liberados pelos monócitos, e
após ser transformado em LDL-oxidado será incorporado por células de macrófagos
(monócitos evoluídos). Os macrófagos incorporam o LDL-oxidado até virarem
células espumosas estouram e liberam partes de células necrosadas e colesterol,
que serão depositados na parede endotelial obstruindo progressivamente a luz do
vaso. Com o tempo há calcificação da lesão, fissura ou ulceração da placa,
hemorragia intravascular, perda de elasticidade vascular pela presença de placa
fibrosa (p.3).
A prevalência e a gravidade da aterosclerose
se relacionam aos diversos fatores, sendo esses fatores modificáveis ou não
modificáveis. Os modificáveis são: dislipidemias (HDL baixo e LDL elevado),
hipertensão, tabagismo, diabetes, sedentarismo, obesidade. Os não modificáveis,
são representados por: idade, sexo, raça, história familiar e anormalidades
genéticas (BRAGA & BARLETA, 2007).
Vale ressaltar que as doenças
cardiovasculares representam a principal causa de morbidade e mortalidade no
mundo (ACCIOLY, 2002). No Brasil as DCV foram as principais responsáveis pela
alocação de recursos públicos e por maior permanência hospitalar (SANTOS,
2005).
3. ABORDAGEM TERAPÊUTICA
A dietoterapia é a
principal ação contra a dislipidemia, que consiste em uma modificação da dieta,
sendo esta uma conduta terapêutica iniciada isoladamente ou em conjunto com
outros tipos de tratamentos como: o medicamentoso e o funcional (BRAGA &
BARLETA, 2007).
A conduta dietoterápica deve incluir uma
modificação na composição da dieta com a redução dos nutrientes ofensores
(gordura), portando recomenda-se uma dieta reduzida de gorduras saturadas,
colesterol, carboidratos simples que elevam os níveis de triglicerídeos, rica
em fibras dietéticas (solúveis e insolúveis), aumentada de antioxidantes para a
redução dos radicais livres. O peso também é um fator importante na terapia,
manter o peso ideal ou adequado contribui para redução dos efeitos da lipogênese
no quadro dislipidêmico (BRAGA & BARLETA, 2007).
De acordo com Braga & Barleta (2007):
A terapia
medicamentosa é usada para controlar a dislipidemia e reduzira dor anginosa,
por isso são empregados medicamentos que reduzem os lipídios, a agregação plaquetária
e a pressão arterial; que controlam a diabetes; diminuem a frequência cárdica,
a força de contração do miocárdio e/ou dilatam as artérias coronarianas (p.4).
Coadjuvante a terapia medicamentosa a
conduta nutricional é de extreme importância na prevenção e no tratamento das
dislipidemias, que deve ser seguida em conjunto com as mudanças no estilo de
vida, que atuam como fatores de risco (SANTOS 2001).
A
conduta nutricional sugere que a dieta deva conter: ingestão mínima de
alimentos com elevado teor de gorduras saturadas, por apresentarem fatores
hipercolesterolêmico, maior consumo de alimentos de alto teor de ácidos graxos
insaturados (ácido linoleico e linolênico), fibras em valores adequados (20 a
30g/dia), o mínimo de açúcares simples e uma maior quantidade de alimentos
ricos em substâncias antioxidantes (vitaminas E e C, carotenóides, flavonóides)
(BRAGA & BARLETA, 2007).
A Associação Americana do Coração indica que
o tratamento dietético deve seguir as recomendações contidas na tabela abaixo.
Nutrientes
|
Ingestão
Recomendada
|
Gordura Total
|
25 a 35% das calorias totais
|
Ácidos Graxos Saturados
|
7% das calorias totais
|
Ácidos Graxos Polinsaturados
|
10% das calorias totais
|
Ácidos Graxos Monoinsaturados
|
20% das calorias totais
|
Carboidratos
|
50 a 60% das calorias totais
|
Proteínas
|
Aproximadamente 15% das calorias totais
|
Colesterol
|
200 mg/dia
|
Fibras
|
20 a 30 g/dia
|
Calorias
|
Para atingir e manter o peso adequado
|
Fonte:
ELIAS, 2001.
Tabela1:
Recomendações Dietéticas para o tratamento das Hipercolesterolemias.
De acordo com Elias & Teixeira (2001) citado
por Braga & Barleta (2007):
As recomendações
indicam redução do consumo de gorduras trans, devido à ação dos receptores
celulares de LDL – colesterol, que inibem a remoção plasmática e elevam os
níveis celulares de LDL; e o aumento no consumo total de gorduras insaturadas
objetivando a redução dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e elevação do
HDL – colesterol (p.5).
As gorduras insaturadas são: ômega 3
(alfa-linolênico, eicosapentaenoico-EPA e docosahexaenoico-DHA), ômega 6
(linoleico e araquidônico) e ômega 9 (oleico).
Sendo que a ingestão de carboidratos não deve
ultrapassar a recomendação de 50 a 60% das calorias totais da dieta, devido ao
fato que o excesso de carboidrato aumenta a síntese de triglicerídeos que vão
servir de reserva energética, armazenados nas células de gordura (tecido
adiposo) (BRAGA & BARLETA, 2007). Embora sozinhos os altos níveis de
triglicerídeos no sangue não causem necessariamente a aterosclerose.
O consumo de fibras é recomendado como
agente terapêutico nas dislipidemias, pois diversos estudos relatam os efeitos
das fibras sobre as concentrações sanguíneas de lipídeos. Dentre esses efeitos,
podemos destacar a ligação das fibras a ácidos biliares aumentando a degradação
de colesterol e excreção pela via dos ácidos biliares (BRAGA & BARLETA, 2007).
Uma dieta fonte de fibras (solúveis e
insolúveis) concomitantemente com o aumento do volume do consumo diário de
água, regula a função gastrointestinal e, além disso, regula o perfil lipídico.
Os alimentos fontes de fibras solúveis são: aveia, farinha de aveia, feijões,
ervilhas, maçã, frutas cítricas; alimentos fontes de fibras insolúveis são:
pães integrais, cereais, cenouras, couve, farelos, casca da maçã (PIMENTEL et
al, 2005).
Segundo Lairon et al (2005) o consumo de
fibras dietéticas têm papel protetor contra doenças cardiovasculares e o
aumento do seu consumo deve ser incentivado.
4. ALIMENTOS FUNCIONAIS
Os alimentos funcionais atualmente tem sido
foco de discussão em congressos relacionados à Saúde e também à Nutrição,
devido aos benefícios que esses alimentos podem trazer a nossa saúde prevenindo
doenças ou auxiliando no tratamento.
A história aponta a tendência do homem em
utilizar certos alimentos como medicamentos na busca por saúde e longevidade
(BRAGA & BARLETA, 2007). A utilização de certos alimentos para reduzir os
riscos de doenças é milenar. Hipócrates, há cerca de 2500 anos, já pregava isso
em uma de suas célebres frases que dizia: “Faça do alimento o seu medicamento”.
Na década de 90, criou-se o termo “alimento funcional” e se passou a adotar, em
pesquisas se intensificou a divulgação do conceito de Alimento Funcional, de
forma que se tornou mais conhecido do público e também dos pesquisadores que,
até então, não estavam envolvidos com estudos nessa área (MONTEIRO & MARIN,
2010).
O Japão foi o primeiro na introdução do
termo “alimentos funcionais” em meados dos anos 80 e se refere aos alimentos contendo
ingredientes que auxiliam funções específicas do corpo além de serem
nutritivos, sendo esses alimentos definidos ou conhecidos como FOSHU (Foods for
Specified Health Use – Alimentos para uso específico de Saúde). Estabelece-se
que FOSHU são aqueles alimentos que têm efeito específico sobre a saúde devido
a sua composição química e que não devem expor em risco a saúde dos indivíduos
(MORAES & COLLA, 2006). Hoje vários países já utilizam o termo alimentos
funcionais e contam com uma legislação específica.
No Brasil, deve-se seguir a legislação do
Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que
estabelecem normas e procedimentos para registro de alimentos e/ou ingredientes
funcionais. Para que um alimento possa ter alegação de propriedades funcionais
e/ou de promoção da saúde e ser assim registrado, deve ser formulado um
relatório técnico cientifico bastante detalhando, comprovando os benefícios e a
segurança do uso deste alimento. A maior atenção que tem sido dada a este tipo
de informação ocorre pelo fato do aumento da procura por alimentos funcionais
(MONTEIRO & MARIN, 2010).
4.1 Definição
Os alimentos funcionais
se caracterizam por oferecer benefícios à saúde, além do valor nutritivo
inerente à sua composição química, desempenhando um papel potencialmente
benéfico na redução do risco de doenças crônico degenerativas, principalmente
nas doenças cardiovasculares. (NEUMAN, 2002; TAIPINA, et al, 2002).
Os alimentos funcionais podem ser
classificados de dois modos: quanto à fonte ou quanto aos benefícios que
oferecem, atuando em seis áreas do organismo: no sistema gastrointestinal, no
sistema cardiovascular, no qual consiste o foco deste artigo, no metabolismo de
substratos, no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular, no
comportamento das funções fisiológicas e como antioxidante (SOUZA, et al,
2003).
Os alimentos funcionais apresentam as
seguintes características:
·
Devem ser alimentos convencionais e
serem consumidos na dieta usual;
·
Devem ser compostos por componentes
naturais, algumas vezes, em elevada concentração ou presentes em alimentos que
normalmente não os supririam;
·
Devem ter efeitos positivos além do
valor básico nutritivo que pode aumentar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o
risco de ocorrência de doenças promovendo benefícios à saúde além de aumentar a
qualidade de vida, incluindo o desempenho físico, psicológico e comportamental;
·
A alegação da propriedade funcional deve
ter embasamento cientifico;
·
Pode ser um alimento natural ou um
alimento no qual um componente tenha sido removido;
·
Pode ser um alimento onde a natureza de
um ou mais componentes tenha sido modificada;
·
Pode ser um alimento no qual a
bioatividade de um ou mais componentes tenha sido modificada (ROBERFROID,
2002).
4.2 Alimentos funcionais
e nutracêuticos
Moraes & Colla (2006) definem
Nutracêuticos:
O nutracêutico é
um alimento ou parte de um alimento que proporciona benefícios médicos e de
saúde, incluindo a prevenção e/ou tratamento da doença. Tais produtos podem
abranger desde os nutrientes isolados, suplementos dietéticos na forma de
cápsulas e dietas até os produtos beneficamente projetados, produtos herbais e
alimentos processados tais como cereais, sopas e bebidas. (p.111)
Os nutracêuticos podem
ser classificados como:
·
Fibras dietéticas;
·
Ácidos graxos poli-insaturados;
·
Proteínas;
·
Peptídeos;
·
Aminoácidos ou cetoácidos;
·
Minerais;
·
Vitaminas antioxidantes;
·
Outros antioxidantes (glutationa,
selênio) (ANDLAUER & FURST, 2002).
Tanto os nutracêuticos quanto os alimentos
funcionais trazem benefícios à saúde, porém o alvo dos nutracêuticos é
significativamente diferente dos alimentos funcionais, por várias razões:
·
Enquanto que a prevenção e o tratamento
de doenças são relevantes aos nutracêuticos, apenas a redução do risco da
doença se relaciona com os alimentos funcionais;
·
Enquanto que os nutracêuticos incluem
suplementos dietéticos e outros tipos de alimentos, os alimentos funcionais
devem estar na forma de um alimento comum (KWAK & JUKES, 2001).
Segundo Kruger e Mann (2003) os compostos
funcionais são aqueles que apresentam benefícios à saúde. Estes compostos podem
ser consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes, sendo
estes alimentos considerados funcionais, ou individualmente, como
nutracêuticos.
4.3. Alimentos
Funcionais e Nutrigenômica
A Revolução Genômica
através do Projeto Genoma Humano foi fundamental para os estudos da interação
entre gene e meio ambiente. As descobertas desse projeto nós proporcionou saber
que casos de doenças crônicas como as cardiovasculares estão associados a
interações entre genes com fatores ambientais, dentre eles a alimentação, que
merece destaque, pois os nutrientes quanto os demais compostos dos alimentos da
dieta são capazes de modular a expressão gênica, resultando em modificações nas
funções biológicas (FUJII, et al, 2010).
A ciência que estuda a
interação entre os constituintes dos alimentos com os genes é a Nutrigenômica.
Sendo assim, os alimentos funcionais estão inseridos nessa questão da modulação
da expressão gênica.
A alimentação esta
diretamente ligada ao balanço saúde e doença justamente pela alteração da expressão/ou
da estrutura do mapa genético individual. O que permite afirmar que alguns
compostos bioativos (funcionais) trazem benefícios a saúde, pois podem afetar a
expressão gênica de forma positiva e por meio disso, reduzir os ricos de
doenças, principalmente as cardiovasculares, foco deste artigo (FUJII, et al,
2010).
Estudos recentes evidenciam que variações
lipídicas no plasma que caracterizam a dislipidemia, provocadas pelo consumo
inadequado de lipídios e de colesterol, tem um componente genético envolvido. A
identificação desses fatores genéticos permitiu a pesquisa sobre os genes que
de alguma forma estão envolvidos no metabolismo das lipoproteínas. Sendo assim,
o conhecimentos sobre os genes relacionados as doenças cardiovasculares é
fundamental para que se esclareça as diferentes respostas entre os indivíduos
perante a dieta (FUJII, et al, 2010).
No entanto, a interação gene e nutriente não
é totalmente compreendida, diante disto são necessários mais estudos para a
obtenção de conhecimento científico, caracterizando um desafio para ciência,
mas em contrapartida já se sabe que compostos bioativos atuam no processo de
transcrição gênica (FUJII, et al, 2010).
5. ALIMENTOS E SEUS
COMPOSTOS ATIVOS COM EFEITOS BENÉFICOS NA DISLIPIDEMIA E NA ATEROSCLEROSE
Dentre os principais
alimentos funcionais e seus compostos bioativos que trazem benefícios na
prevenção da dislipidemia e da aterosclerose destacam-se os seguintes: alho
(alicina e quercitina), tomate (licopeno), uva e vinho tinto (resveratrol,
luteonina, quercitina, procianidinas e taninos), peixe (ômega-3), oleaginosas
(fitoesteróis), soja (isoflavonas), leguminosas (isoflavonas, saponinas,
betaglucanas), linhaça (ácido a-linolênico, lignanas) e aveia (ácido oléico,
linolênico, beta-glucanas) que serão elucidados abaixo.
5.1 Alho
O Alho é um tempero pertencente à família Liliacerae e atribuem a ele a capacidade
de interferir em uma série de doenças. Pesquisas recentes comprovam suas
atividades antiaterogênicas, hipotensora e hipocolesterolêmica. O seu composto
ativo é a alicina (QUINTAES, 2006).
Estudos utilizando o alho in natura foram
realizados buscando seus efeitos na prevenção de doenças cardiovasculares,
principalmente a redução das concentrações séricas de LDL, triglicerídeos e
inibidor da agregação plaquetária, o que é de grande importância na prevenção e
no tratamento tanto das dislipidemias quanto da aterosclerose (CARDOSO, 2005).
Quintaes (2006) alega que o consumo regular
de no mínimo 8g/dia de alho, reduz o nível do colesterol sérico total, evita a
agregação plaquetária e atua como antioxidante combatendo os radicais livres;
que se deve à inibição de diversas enzimas da síntese hepática de colesterol e a
um acréscimo na excreção de ácidos biliares.
A American Dietetic Association (ADA) sugere
o consumo de 600 a 900 mg por dia o que equivale a aproximadamente um dente de
alho (ADA REPORTS, 1999).
Segundo Campbell (2001), o alho é um agente antiaterogênico, pois inibe
a proliferação de células musculares lisas e reduz a concentração sérica de
lipídeos.
5.2 Tomate
O tomate é um fruto da
família das Solanáceas. Entretanto, apenas o fruto maduro contém os seguintes
princípios ativos: ácidos orgânicos (málico, cítrico, tartárico, oxálico e
succinico); pectina, vitaminas e pigmentos carotenóides (licopeno e xantofila)
(JUZWIAK & PASCHOAL, 2003).
A principal substância presente no tomate é
o licopeno, que funciona como antioxidante e age na neutralização de radicais
livres (RISSANEM, 2003) devido a sua estrutura e capacidade de sequestrar o
oxigênio singlete (KRINSKY, 2001).
Os radicais livres constituem moléculas se
alto grau de reatividade, que pela oxidação, destroem as membranas das células,
podendo causar peroxidação do colesterol LDL, que quando oxidado, deposita-se
nas artérias aumentando o risco de doenças cardiovasculares como a aterosclerose.
A absorção do licopeno pelo organismo é
maior em molhos ou concentrados, do que em tomates frescos. O processamento
térmico dos tomates e seus produtos induz a isomerização do licopeno que de
trans (sua forma natural) vira cis, melhorando a sua biodisponibilidade
(WILLCOX, 2003). A presença de gordura, preferencialmente a insaturada aumenta
a biodisponibilidade de licopeno e sua atividade antioxidante plasmática
(JUZWIAK & PASCHOAL, 2004; PIMENTEL et al, 2005). A gordura, principalmente
a mono e poliinsaturada, facilita a absorção do licopeno.
O consumo dietético de tomate e seus
produtos são associados a uma redução do risco de doenças crônicas
principalmente as doenças cardiovasculares, por evitar a oxidação do LDL-
colesterol (HEBER & LU, 2002). Embora as propriedades antioxidantes do
tomate, tenham sido responsáveis pela maioria dos efeitos benéficos.
Segundo alguns estudos o consumo de um
tomate ou uma colher de sopa de massa de tomate por dia é responsável pela
inibição de cerca de 93% da formação de peróxidos lipídicos, pois o licopeno
age em conjunto com outros antioxidantes na oxidação do LDL garantindo sua
característica antiaterogênica (PASCHOAL, 2001).
Bub et al (2000) demonstram que o consumo de
330 ml de suco de tomate reduziu a concentração sérica de radicais livres em
12% e também diminuiu a oxidação do LDL-colesterol, um importante fator de
risco para a formação da placa aterosclerótica. Outros estudos demonstram
resultados similares, onde o consumo de 550ml de suco de tomate por dia
aumentou a resistência do LDL contra oxidação.
Fuhrman et al (1997) observaram um efeito
inibitório do licopeno na enzima limitante da síntese de colesterol nos
macrófagos. Esta observação tem implicações importantes para a prevenção de
doenças cardiovasculares, por meio da modificação do processo aterogênico
celular, e consequente formação de placa instável.
Segundo Rissanen (2003), o licopeno tem
papel importante no combate do estágio inicial da lesão aterosclerótica.
5.3 Uva e vinho tinto
Muitas pesquisas têm
sido realizadas com o proposito de se estudar os efeitos do vinho na saúde;
principalmente pela sua reconhecida ação antioxidante. Porém, é indiscutível o
dano orgânico ocasionado pela ingestão elevada de álcool quando consumido em
excesso, ultrapassando a capacidade do organismo em metabolizá-lo (SOUZA FILHO,
2006).
As uvas e os sucos de uvas (inclusive os
comerciais) são fontes naturais de antioxidantes, sendo o vinho tinto o
principal, pelo seu alto teor de polifenóis e compostos fenólicos, que são
potentes antioxidantes. O resveratrol é o que mais se destaca, localizado na
casca das uvas e em maior quantidade nas uvas vermelho-roxas escuras, por isso
o vinho tinto tem mais resveratrol que vinhos brancos e roses (ISHIMOTO, 2004).
Além do resveratrol, a luteonina, a
quercitina, as procianidinas (polpa das uvas) e os taninos (casca das uvas),
são substâncias naturais encontradas nas uvas com ação antioxidante, inibidores
da oxidação lipídica, inibidores da agregação plaquetária e também com
atividade anti-inflamatória, ações essas indispensáveis no combate a
aterosclerose. (ISHIMOTO, 2005).
É possível associar o
consumo de vinho com benefícios à saúde, mas isso só acontece se for consumido
com moderação e regularmente, junto com as refeições e por pessoas que não
apresentem contra indicações (SOUZA FILHO, 2006; LOPES, 2005).
5.4 Peixes
Os peixes (arenque,
atum, salmão, sardinha, cavala e truta) são classificados como alimentos
funcionais, devido à alta concentração de ômega 3 por atuarem preventivamente
nas doenças cardiovasculares como a dislipidemia e a aterosclerose devido há efeitos tais como: redução dos
níveis de triglicerídeos plasmáticos e colesterol LDL e VLDL (PASCHOAL, 2001;
CARDOSO, 2005; ROMIJN et al, 2006).
A partir de estudos, podemos estabelecer uma
associação entre a baixa incidência doenças cardiovasculares e o consumo de
peixes de águas frias e profundas devido à presença do ácido graxo
poli-insaturado da série ômega 3.
O ácidos graxo ômega 3 não pode ser
sintetizado pelo ser humano, por isso é considerado essencial; devendo ser
consumido na dieta. O ácido graxo alfa-linolênico tem despertado interesse, sobre
a influência na prevenção e no tratamento doenças cardiovasculares, como a
dislipidemia e a aterosclerose, devido aos seguintes benefícios: melhora do
perfil lipídico, redução da agregação plaquetária e produção de prostaglandinas
vasodilatadoras, que podem melhorar a função vascular (GOODE et al, 1997).
Segundo De Angelis (2001), a partir do ômega
3 alfa-linolênico são biossintetizados no homem os ácidos eicosapentaenoico
(EPA) e docosahexaenóico (DHA).
Os ácidos graxos ômega-3 possuem ação
protetora contra as doenças alvo deste trabalho por meio de diversos
mecanismos: redução dos triacilgliceróis (TAGs), efeitos antitrombóticos,
antiinflamatórios e anti-hipertensivos (SUDHEENDRAN et al, 2010).
O ômega-3 também é capaz de provocar
alterações na função plaquetária, na resposta imune, tem ação vasodilatadora e
anti-agregante plaquetária, redução de triglicerídio devido à inibição da
secreção hepática de VLDL; fatores esses que contribuem para a prevenção das
doenças em questão. (PIMENTEL et al, 2005).
Segundo Waitzberg (2001), os ácidos graxos
ômega-3 alteram a função plaquetária e a síntese de eicosanoides
(prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos). Isto ocorre, porque o EPA e o DHA
substituem o ácido araquidônico (ácido graxo ômega-6) nas membranas celulares.
Os ácidos graxos ômega-3 e 6 são precursores de eicosanoides, prostaglandina
E2, tromboxanos A2, leucotrienos B4 e lipoxinas. Quando em grandes quantidades,
os eicosanoides derivados dos PUFA n-6 podem colaborar para a formação de
trombos e ateromas, também levando a problemas inflamatórios. Os eicosanoides
originados dos PUFA n-6 são biologicamente mais ativos do que os
biossintetizados a partir dos PUFA n-3. Deste modo, o aumento da ingestão de
ácido graxo ômega-3 tem efeito contrário ao dos ácidos graxos da série ômega-6,
tento em vista que ambos competem pelas mesmas enzimas. Por este motivo existe
uma razão adequada de ingestão ômega-3/ômega-6 que é de 5:1 (SCHIMIT, 2000).
Por meio de seus efeitos anti-inflamatórios,
os ácidos graxos ômega-3 podem não somente prevenir o desenvolvimento quanto
estabilizar a placa aterosclerótica (YASUDA, 2010). Ensaios clínicos
randomizados demonstraram que a suplementação de EPA e DHA é capaz de reduzir a
infiltração de macrófagos (THIES et al, 2003). Adicionalmente, o EPA é capaz de
reduzir as enzimas envolvidas na progressão e desestabilização da placa
aterosclerótica (MATSUMOTO et al, 2008).
O consumo de mais de 180g de peixe por semana
reduz o risco de doenças cardiovasculares. As recomendações de ômega 3 das DRIs
(Dietary Reference Intakes) ficam em torno de um consumo de 0,6 a 1,2% do valor
calórico total, sendo usada uma proporção de ômega 6 : ômega 3 de 2:1 a 5:1,
para que os efeitos benéficos sejam alcançados (PIMENTEL et al, 2005).
Segundo Taylor (2005) o consumo de 2 a 4 porções
(180g) de peixe por semana seria capaz de prevenir as doenças do coração, pois
o ômega 3 é um agente cardioprotetor.
5.5 Oleaginosas
Os alimentos que fazem parte do grupo das
oleaginosas são: amêndoas, macadâmias, pecãs, avelãs, nozes e castanhas.
Nas últimas décadas,
diversos estudos têm demonstrado o efeito protetor das oleaginosas contra
doenças cardiovasculares. Adicionalmente, inúmeros estudos clínicos demonstram
efeitos benéficos do consumo diário das oleaginosas nos níveis plasmáticos de
lipídios e lipoproteínas, importantes marcadores do risco cardiovascular
(KORNSTEINER, 2006).
As oleaginosas apresentam inúmeras
propriedades nutricionais. São ricas em ácidos graxos monoinsaturados e
poli-insaturados como o ácido oleico, ácido linoleico e ácido alfa-linolênico e
pobres em ácidos graxos saturados. Adicionalmente, são fonte de proteína
vegetal, fibra dietética, vitaminas antioxidantes (vitamina E), minerais
(selênio, manganês e magnésio) de fitoquímicos como o ácido alágico,
flavonoides, resveratrol, compostos fenólicos, luteonina e fitoesteróis
(AZADMARD, 2011).
Os efeitos cardioprotetores das oleaginosas
são decorrentes do seu conteúdo de flavonoides, que possuem ação antioxidante, anti-inflamatória
e auxilia na redução do colesterol; micronutrientes (vitaminas e minerais)
responsáveis pela redução da oxidação de LDL – colesterol; e resveratrol que
além de ser antioxidante, inibe a agregação plaquetária (MUKUDDEM et al, 2005; O´NEIL,
2011).
As oleaginosas
também são fonte de arginina, aminoácido capaz de prevenir doenças
cardiovasculares através da redução da agregação plaquetária e da dilatação dos
vasos sanguíneos pela liberação de óxido nítrico. As oleaginosas também tem
efeito hipocolesterolêmico por inibirem a absorção dietética e biliar de
colesterol (PASCHOAL,2001).
5.6 Soja
Diversos estudos demonstram os benefícios do
consumo da soja a saúde humana e seu papel preventivo e terapêutico nas doenças
cardiovasculares, efeitos decorrentes principalmente de uma mudança favorável
no perfil lipídico: redução do colesterol total e LDL-colesterol (JENKINS,
2010; ANDERSON, 2011).
A soja pertence ao grupo das leguminosas e
tem características funcionais, sendo as isoflavonas (daidzeína, genisteína e
gliciteína) os principais fitoquímicos (PASCHOAL, 2001).
Os produtos à base de soja se relacionam com
a prevenção da aterosclerose devido à ação antioxidante das isoflavonas sobre
as gorduras circulantes no plasma, além de exercer efeito positivo na agregação
plaquetária. A presença de fibras solúveis que atuam na redução de colesterol, de
LDL, dos níveis de TG e elevam o HDL são importante na prevenção da
dislipidemia (MARCÍLIO, 2006;
PASCHOAL,2001).
Dentre os possíveis mecanismos hipocolesterolêmico
da soja estão à ação das fibras, das isoflavonas e da própria proteína. Em
humanos, a proteína de soja ativa a via receptora da lipoproteína de baixa
densidade (LDL - colesterol), diminuindo sua oxidação e acúmulo nas artérias.
Estudos sugerem que subunidades da proteína
da soja ativam diretamente os receptores hepáticos de LDL, promovendo a redução
do colesterol sérico (SIRTORI & LOVATI, 2001).
Um estudo demonstrou que o consumo de
30g/dia de proteína de soja produz efeitos positivos a saúde (PIMENTEL et al,
2005).
Outro estudo mostrou que o consumo de 25g de
proteína de soja, três vezes por semana reduziu as concentrações de LDL -
colesterol em 30% (MIRZAEI, 2001).
Estudos clínicos com isolado proteico ou
proteína texturizada de soja (47 gramas de proteína/dia contendo 100 mg de
isoflavonas) demonstrou redução do colesterol em 9,3%, do LDL – colesterol em
19,9%, dos triglicerídeos em 10,5% e aumento do HDL – colesterol em 2,4%. Os
autores atribuíram a redução do colesterol à atividade dos fitoestrógenos
(ANDERSON, 1994).
A proteína de soja já foi utilizada em
diversos estudos com indivíduos hipercolesterolêmicos, por ser rica em
isoflavona diminui as concentrações de colesterol total e LDL – colesterol;
entretanto essa redução é significativa quando as concentrações plasmáticas de
LDL – colesterol estão elevadas.
Com base em diversos estudos clínicos que
relatam os efeitos benéficos da soja, a FDA incida o consumo de no mínimo 25
gramas por dia de proteína de soja para a redução do risco de doenças
cardiovasculares.
5.7 Leguminosas
As leguminosas são um importante grupo
alimentar formado por sementes contidas em favas como: feijão, ervilha,
lentilha, grão de bico e soja. Deitas contendo leguminosas apresentam efeitos
hipocolesterolêmico por meio da redução de LDL – colesterol e triacilgliceróis,
efeito esse decorrente da ação de isoflavonas, saponinas e beta-glucanas
(PASCHOAL, 2001).
A hipercolesterolémia é um dos mais
importantes fatores de risco das doenças cardiovasculares. Assim, o consumo de
grãos de leguminosas ou seus componentes tem sido experimentalmente
correlacionado com um efeito hipocolesterolêmico, via redução de colesterol das
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) (ANDERSON & MAJOR, 2002; LIN et al,
2004).
Os nutrientes e fitoquímicos que contribuem
para o efeito hipocolesterolêmico incluem: o componente proteico e sua
composição de aminoácidos; o componente lipídico, especialmente os ácidos
graxos poli-insaturados (PUFAs) e no teor em ácido oleico; o amido resistente e
a fibra alimentar, mas especificamente a fração solúvel (pectinas, gomas,
mucilagens e algumas hemiceluloses; as saponinas, que se encontram em
quantidades relevantes nas leguminosas como soja, feijão e grão de bico; os
fitosteróis, que se encontram em quantidades variáveis nas leguminosas e em
seus óleos (JONES, 2002).
Nas leguminosas também são encontrados
compostos fenólicos como: genisteína, daidzeína, genistina e daidzina.
Ainda não foi claramente definida a
quantidade mínima de grãos de leguminosas a consumir para que se alcance o
efeito hipocolesterolêmico, sendo necessárias pesquisas que definam as
quantidades exatas, mas ultimamente observa-se que meia xícara de feijão cozido
por dia produz efeitos benéficos à saúde e a Organização Mundial de Saúde tem
incentivado o consumo diário de leguminosas (ELIAS & TEIXEIRA, 2001).
5.8 Linhaça
A linhaça é uma das principais fontes de
ácido alfa-linolênico (ômega 3) e de lignanas, sendo assim o seu uso tem sido
associado a um menor risco de desenvolvimento de diversas patologias, inclusive
nas cardiovasculares como a dislipidemia (BRICARELLO, 2005).
Recentemente, a linhaça começou a ser
pesquisada para sua utilização nas dislipidemias e na aterosclerose, com
estudos direcionados para o seu conteúdo de ALA (precursor de EPA e DHA) e de
lignana, devido ao seu potencial antioxidante. Bloedon et al (2008)
demonstraram que o consumo de linhaça reduz discretamente o LDL – colesterol.
O consumo de semente de linhaça pode
acarretar em uma redução significativa do colesterol total e redução da LDL.
Este fato pode decorrer devido aos componentes presentes na semente.
Estudos epidemiológicos apontam que altas
concentrações plasmáticas de ALA (alfa-linolenico), são um fator preventivo
contra doenças cardiovasculares. Adicionalmente, o ALA possui efeitos
anti-inflamatórios. O óleo de linhaça é uma boa fonte de ALA, que é
metabolizado a EPA, precursor de citocinas menos inflamatórias, que inibem a
metabolização do ácido araquidônico em citocinas pró-inflamatórias.
A lignana presente na linhaça é um composto
polifenol, com ação antioxidante e esta presente na casca da linhaça. É
denominada um fitoestrógeno por ter sua estrutura semelhante ao hormônio
feminino estrogênio (MURPHY & HENDRICH, 2002).
Existem dois tipos de linhaça: marrom e
branca. Sendo que, a semente de linhaça dourada apresenta uma concentração de
lignanas superior à semente de linhaça marrom, devido à forma diferenciada de
cultivo (MACEDO, 2002).
5.9 Aveia
A aveia é um cereal fonte de proteínas e
lipídios como o ácido oléico e linoléico, além de vitaminas antioxidantes e
fibras solúveis como as Beta-glucanas.
Diversos estudos demonstram que dietas
suplementadas com farelo de aveia promovem uma redução significativa do
colesterol sérico total e da LDL – colesterol em indivíduos
hipercolesterolêmicos (WOLEVER et al, 2010).
A ação hipocolesterolêmica da aveia é
atribuída às b-glucanas que possuem capacidade de aumentar a síntese de ácidos
biliares e reduzir a absorção do colesterol resultando na diminuição do
colesterol sanguíneo (BEHALL et al, 2006).
O Food and Grug Administration (FDA)
concluiu que a fibra solúvel, b-glucana é o componente responsável pela
diminuição do colesterol total e LDL do sangue em dietas contenham cerca de
3g/dia de b-glucanas o que é equivalente ao consumo de 40g de farelo de aveia
ou 60g de farinha de aveia.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mudanças nos hábitos
alimentares, provocados pela evolução do mundo moderno, têm contribuído para o
crescente aparecimento de doenças crônicas, especialmente as cardiovasculares
como as dislipidemias e a aterosclerose. Este é um fato que têm ocasionado uma
grande preocupação por parte da população e dos órgãos públicos de saúde, com a
alimentação.
Prevenir e tratar as doenças
cardiovasculares em geral, por meio da dietoterapia, são medidas claramente
demonstradas na literatura, já que a alimentação é um fator de extrema
importância para o controle e manutenção da saúde.
Nesse contexto, inserem-se os alimentos
funcionais, como uma alternativa para reduzir o risco do desenvolvimento de
doenças cardiovasculares. Benefícios isolados, ou mesmo associados a outros
alimentos e/ou terapias que reduzem o colesterol, são opções para a terapia
nutricional.
O efeito de muitos alimentos funcionais na
prevenção das doenças cardíacas já está devidamente comprovado, embora ainda sejam
necessários novos estudos para a definição das quantidades e frequência a serem
consumidos para se obter o efeito esperado, garantindo assim a ação benéfica
dos componentes ativos encontrados nesses alimentos.
Apesar de algumas contradições em estudos e
da ausência de informações precisas, o consumo regular de alimentos funcionais,
associados a hábitos de vida saudáveis e a uma alimentação balanceada, pode
auxiliar na manutenção da saúde, porém devemos ter em mente que os alimentos
funcionais não são milagrosos, por isso a importância da interação entre a
terapia medicamentosa, nutricional e funcional para obtenção de resultados.
Por fim, os alimentos com atividade
funcional podem ser uma ótima alternativa para conter o avanço das doenças cardiovasculares
e fazer com que as pessoas se conscientizem de que a alimentação tem um papel
fundamental sobre a saúde.
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